segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A religião islâmica

A religião islâmica e a tolerância


António Bica

É frequente cristãos afirmarem que a religião islâmica é intolerante e fanática. O fanatismo e a intolerância não é da religião islâmica nem da cristã, mas dos chefes islâmicos e dos chefes cristãos que demasiadas vezes fanatizam os crentes para servir os seus interesses de domínio social, económico e político.
Se o islão se expandiu no século 7º e se alargou por todo o sul mediterrânico do Império Romano foi porque praticava a tolerância. Se os chefes religiosos e políticos do islão tivessem sido então intolerantes na Península Ibérica não restariam, depois da conquista dela cristãos. E restaram. A grande maioria do povo da Península Ibérica manteve-se cristão até à reconquista, cerca de 600 anos depois.
O que aconteceu na Península Ibérica aconteceu nas demais regiões conquistadas pelos islâmicos ao Império Romano cristão. Ainda hoje cerca de 10% da população no Egipto, na Palestina, na Síria e no Iraque é cristã apesar destas regiões terem sido conquistadas pelos islâmicos no século 7º. E no Líbano é cristã cerca de 50% da população.
A mesma tolerância foi usada com as populações islâmicas da Península Ibérica depois da reconquista cristã? Não foi. No século 15 e no século 16 foram expulsos de Portugal e da Espanha todos os que, sendo islâmicos, não se converteram ao cristianismo.
Quem fez as guerras das Cruzadas entre o fim do século 10 e o fim do século 13? Foram os cristãos europeus contra os islâmicos, na terra dos islâmicos, não os islâmicos contra os cristãos.
Apesar da Europa ser intolerante contra os islâmicos e outras religiões nos séculos 15, 16 e 17, os islâmicos turcos conquistaram os territórios balcânicos, na Europa, a começar por Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente. Ocuparam a Grécia, a Bulgária, a Roménia, a Sérvia, o Montenegro, a Croácia, a Eslovénia. Só no século 19 e princípios do século 20 essas regiões se tornaram independentes dos turcos islâmicos, mantendo-se as suas populações cristãs, como hoje são.
Se o cristianismo se manteve nessas terras durante tantos séculos, apesar de poder político ser islâmico, foi porque os islâmicos eram tolerantes e não fanáticos religiosos.
O discurso de intolerância islâmica, que cada vez mais se houve na Europa e nos Estados Unidos da América do Norte, não serve a Humanidade, mas para justificar guerras e agressões contra os países islâmicos.   

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