segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Notas sobre o mundo islâmico

Notas sobre o mundo islâmico (4)

António Bica

Com o fim do século 11 e o início do século 12, pela altura em que Portugal ainda se não autonomizara de Leão e Castela e era governado pelo Conde D. Henrique e a mulher D. Teresa, o mundo  islâmico entrou em crise.
Da região de Samarcanda, nordeste do actual Irão, os povos turcos convertidos ao islamismo desceram para o território da Pérsia islâmica, estenderam-se até à Mesopotâmia e avançaram para a Ásia Menor (actual Turquia) cujo território conquistaram ao Império Romana do Oriente com capital em Constantinopla.
O poder dos califas de Bagdade enfraqueceu, tornando-se progressivamente pouco mais que nominal e referência de unidade religiosa. Entretanto a Europa cristã submetida a Roma cresceu em população.
O comércio desenvolveu-se progressivamente e as cidades, que haviam a maior parte da população em consequência das invasões bárbara, cresceram pouco a pouco.
As cidades autónomas da Itália prosperaram com o comércio no Mar Mediterrâneo, trazendo para a Europa as mercadorias orientais que chegavam em caravanas aos portos mediterrânicos islâmicos (Alexandria, Tiro e outros).
A cobiça europeia pelo rico comércio desses portos levou os dirigentes europeus, instigados pelo papa, a tentar apoderar-se dele com o pretexto da conquista de Jerusalém.
Foi essa a semente das sucessivas cruzadas, que levaram à conquista de Jerusalém e dos principais portos do oriente mediterrânico. Iniciaram-se pelo começo do século 12 e prolongaram-se até meados do século 13, quando a contra ofensiva islâmica expulsou os cruzados.
Nos meados do século 13 os mongóis invadiram a Pérsia e chegaram à Mesopotâmia, onde puseram fim ao califado. Entretanto os turcos haviam conquistado a Ásia Menor, consolidado aí o seu poder e islamizado e aculturado a população, e, com o fim do califado, alargaram progressivamente o seu poder à Mesopotâmia, à Síria, ao Egipto e à parte oriental do norte de África, sem terem aculturado as populações desses territórios.
A Pérsia resistiu ao domínio turco, mantendo a independência política e autonomizando-se religiosamente com a adesão do poder à corrente religiosa xiita, que se tornou a dominante na Pérsia (hoje Irão), afastando-se da corrente religiosa sunita seguida pelos turcos.
Com a derrota dos cruzados e a unificação política islâmica sob o domínio turco, o comércio voltou a prosperar no mundo islâmico trazendo as mercadorias orientais para os portos mediterrânicos do oriente, onde as cidades italianas e depois catalãs os compravam para a Europa.
A prosperidade económica e a estabilidade política do mundo islâmico sob domínio turco levou os turcos a completar a conquista, nos meados do século 15, do que restava do Império Romano do Oriente na península balcânica, o que culminou com a queda de Constantinopla, que passou a ser a capital do Império Turco.   

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