terça-feira, 5 de abril de 2011

O acelerado desenvolvimento da riqueza mundial

O acelerado desenvolvimento da riqueza mundial e a defesa da cidadania
António Bica

Com o inicio da revolução económica industrial, no século 18, deixou a humanidade de estar condenada à pobreza generalizada resultante do pouco significativo crescimento da economia agrícola e pecuária largamente dominante.
A partir de então, com a aceleração do conhecimento científico, o consequente desenvolvimento de novas tecnologias de produção de bens e serviços, o aumento e massificação da escolarização para habilitar as novas gerações a dominar as novas técnicas de produção, a riqueza foi crescendo aceleradamente, embora com altos e baixos de aceleração e de depressão.
Depois da 2ª Grande Guerra, nos últimos 60 anos, estima-se que a economia mundial passou de cerca de 10 milhões de milhões de euros para cerca de 70 milhões de milhões actuais. Embora então a população no mundo rondasse os 3 mil milhões de habitantes, hoje é de cerca de 7 mil milhões. Apesar deste forte crescimento da população mundial a riqueza média produzida no mundo por pessoa subiu de cerca de 3.333 euros por ano para cerca de 10.000 euros. E o crescimento da produção de bens no mundo continua a crescer a cerca de 4,5% ao ano.
Se se mantiver este ritmo, a produção mundial de bens chegará aos 140 milhões de euros em 2030 e a 280 milhões de milhões em 2050.
Este crescimento, se for acompanhado por aumento demográfico proporcional, a população mundial passará para 14 mil milhões em 2030 e 28 mil milhões em 2050.
Este projectado crescimento da população e da produção de bens suscita receio de a prazo não longo os recursos naturais da Terra em água, ar, solo agricultável, minérios, fontes energéticas se esgotem por via de poluição (água e o ar) e da sobre-exploração (solo, minérios, fontes energéticas).
Mas é de esperar que o crescimento da riqueza mundial leve, a prazo, à estabilização da população, como nas últimas cinco dezenas de anos se tem verificado nos países mais ricos, na Europa, no Japão, na Rússia, nos EUA, no Canadá e na Austrália. Nestes o crescimento demográfico, onde o há, deve-se à imigração. Sem imigração, apesar de forte diminuição da mortalidade infantil e da longevidade, a população nesses países declinaria.
A tendência para a diminuição da natalidade nas sociedades com boa produção de bens e serviços por pessoa deve-se ao desenvolvimento de técnicas fáceis e seguras de controle de natalidade, da instrução massificada das populações com maior racionalização dos comportamentos individuais, e da riqueza que leva a faixa etária em idade de reprodução a limitar o número de filhos para os poder educar nas condições que considera melhores.
Sendo embora de esperar que a população no mundo se estabilize pelos 14 mil milhões, esse número e o previsível aumento do consumo de cada um desses habitantes possibilitado pelo crescente aumento da riqueza mundial podem levar ao desequilíbrio dos recursos naturais indispensáveis à vida dos humanos e demais seres vivos.
Os neoliberais defendem que do livre desenvolvimento das forças económicas resulta o melhor para as sociedades de cada país e para o mundo. Mas não é a isso que temos assistido. Os mais ricos nos países mais desenvolvidos estão a influenciar os respectivos governos com o seu poder económico e a determinar a opinião dos cidadãos através dos grandes meios de comunicação social, que controlam, para lhes dar liberdade de destruição dos recursos naturais sempre que isso lhes convém para aumentar a sua riqueza.
Reclamam que se acabe com as regras tendentes a proteger os menos ricos e todos os que vivem do seu trabalho nos campos da economia, das finanças e da comunicação social; se deixe progressivamente de proteger os que vivem do seu trabalho e os mais desfavorecidos; se aliviem de impostos as maiores fortunas; o Estado esteja sobretudo ao serviço dos mais poderosos para os segurar quando entram em crise, como aconteceu em 2008 com a grande crise financeira, distribuindo com dureza por todos os que vivem do seu trabalho os encargos da crise.
O acelerado desenvolvimento da riqueza no mundo exige, pelo contrário, melhor Estado, que, controlado pela participação democrática dos cidadãos na sua organização e na eleição dos que exercem o poder público, os defenda da ganância dos ricos, do seu controle sobre o Estado e da sua asfixiante influência sobre os grandes meios de comunicação social.   

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